Hoje lhe reduziram às cores verde, amarelo e
vermelho. Não harmoniosamente juntas. Não! Separadas, distintas. Cada uma no seu espaço, não há concordância,
não há tolerância.
Aconteceu com você, Brasil, que acolhe gente de
todas as cores, que é multicolorido, alegre, acolhedor, de coração grande e
braços abertos.
Aqui, Brasil, ninguém mais se entende, todo
mundo se defende.
Fala-se de Deus, de família, de você, Pátria.
Carregam bandeiras. Mas bandeiras individuais. Cada um ostenta a sua cor. As pessoas
nas ruas não se compreendem, é perigoso se trair, denunciar de que lado elas
estão, se caminham à esquerda ou à direita.
Estão dizendo que hoje, domingo, 17 de abril, é
um dia histórico. Não sei bem que história vai ficar para contar. Talvez
modifiquem os fatos mais tarde, para que fique mais bonito, mais heroico, mais
fantasioso. Não será a primeira vez, não é?
Amanhã é segunda-feira, vou acordar sem saber
qual é a sua cor, Brasil. Para mim você é azul, o azul que eu vi neste dia ao
acordar, quando olhei para o alto e pedi ao céu que iluminasse este lugar, esta
terra, este país, todas as pessoas que podem fazer de você, meu Brasil, um
lugar digno de se viver.
Escutei gente dizendo que vai embora, outro
lugar procurar para viver. Eu ficarei por aqui, porque apesar da profunda
tristeza que sinto nesta noite histórica, acredito que algo irá mudar o
movimento das cores distintas que estampam as bandeiras de cada um e silenciam
o diálogo democrático e promovem a discórdia.
Joyce Pianchão
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