quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Vamos tomar um café?



Vamos tomar um café?

Hoje eu tenho amigos nas redes sociais. Troco mensagens, eu recebo bom dias, comento e sou comentada, leio e sou lida. Recebo e dou abraços aos montes!
É bom? É ótimo!
Mas confesso que bom mesmo é a presença física, não tem igual!
Um convite para um café no meio da manhã? Ah! Eu me derreto como manteiga na broa de fubá que faço com todo prazer para a visita que raramente acontece...
Mas, aconteceu hoje, o convite para um café. Verdade!
A conversa correu solta e no final da manhã já éramos velhas conhecidas combinando o próximo encontro.
Coisas simples da vida...
A vida é assim, simples e muito frágil.
Vivo com dor a tragédia de Brumadinho. Sonhos desfeitos, mortes jovens, fins inesperados. Vida que vai...
Penso então que preciso de mais manhãs com café e amigos.
Penso que a felicidade está num abraço.
Penso em parar o tempo agendado e viver o dia.
Esquecer o amanhã que eu nem sei se vai vir...
Vamos tomar um café?

Joyce Pianchão

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Um romance policial





Boas intenções



Ler e escrever funciona para mim como uma terapia. Procuro me entender, me cuidar e me fazer feliz. A minha primeira intenção é esta, me encontrar nas palavras.

Terminei de ler Agatha Christie por sugestão do meu grupo de leitura. Para assim, sair da “zona de conforto”, ler o que normalmente não procuraria para ler.

Valeu! Eu me senti completamente desconfortável e fiz uma valiosa descoberta, não gosto de romance policial.

Mas, pensando bem, não é assim a vida?

Quantas leituras eu sou forçada a fazer diariamente?

Algumas eu adoro, outras nem tanto, mas eu leio todas!

E eu vou assim seguindo adiante, lendo, escrevendo, vivendo e com a intenção de simplesmente ser feliz.

E o que é ser feliz?

Para mim é experimentar a vida, é me gostar.

E gostar de ser lida... Esta é a minha segunda intenção em tudo o que faço, me encontrar nas pessoas.

Depois de ler “E não sobrou nenhum”, fiquei assim, ao contrário do que acontece na história, cheia de boas intenções.

Joyce Pianchão



quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

QUEM SABE...



O papel aguarda as palavras.

A caneta pronta está.

A cabeça se planeja.

Os olhos enxergam lembranças.

Os ouvidos escutam pensamentos desordenados.

Não há cheiro no silêncio meu.

Escutei Elis cantando “Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais!” e desperta em mim insatisfação, o que acho bom, muito bom!

Estou lendo “O apanhador no campo de centeio” e diante desta leitura eu penso, reflito e concluo que sou uma adolescente de 63 anos. Não tive liberdade de ser jovem rebelde, não como queria. Seria então viver tardio? Tarde para quem?

Eu me sinto inquieta, inconformada, questionadora. Vejo mais do que queria, entendo mais do que deveria.

Querem o meu sorriso, a minha alegria, a minha vontade de viver.

Eu também quero. Na verdade eu queria ser como os outros da minha idade. Não sei se queria ou deveria.

Gosto dos rebeldes que não se calam, que às vezes estão zangados com tudo, mas nunca desanimados.

Eu sei que preciso manter o equilíbrio, manter as pessoas por perto. Eu sei...

Eu sei também que o papel não está mais vazio, deitei nele o que vai em mim.

Vou continuar a escutar música, ler meu livro, procurar gente.

Quem sabe eu me encontro por aí feliz da vida?


Joyce Pianchão



sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Bons momentos eu passei com Guimarães Rosa...




"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.O  que ela quer da gente é coragem".

(Grande sertão: veredas. João Guimarães Rosa)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

NA MEDIDA CERTA


Tempero do dia

Amanheceu sereno, fresco, nublado, com um convite para um viver manso, enquanto o sol descansa do intenso trabalho dos últimos dias. Que calor!
Intenso e tenso foram também os meus últimos dias do ano passado e os primeiros do novo ano.
Tudo começou com um mal estar, uma ida ao médico, um exame, uma espera...
Na espera são de praxe uma revisão de vida e um medo. Inevitável!
Passou... Respiro aliviada.

Estou em janeiro de 2019, com saúde!
À mesa do almoço, fui lembrada que neste dia seria comemorado o aniversário de minha mãe, que hoje vive nas minhas lembranças. Acredito que foi a primeira vez, em dezoito anos passados, que me esqueci de recordar. Dei um sossego ao meu coração dolorido.
Assim o dia de hoje: sereno, saudável e saudoso.
Como um bom tempero, traz na medida certa, um pouco de cada ingrediente...

Joyce Pianchão

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

É PEDIR DEMAIS?



Estou em janeiro de 2019.
O dia acorda ensolarado.
Eu acordo para a vida.
Abro minha janela, avisto o céu e celebro a minha estadia por aqui.
O ano ainda não me fez pensar em coisas novas, pois trouxe comigo coisa velha para resolver.
Tenho de novo o dia, o presente, a vontade de ficar bem.
De que tudo fique bem.
Quero ver um olhar confiante no rosto do meu filho.
Quero notícias boas no jornal.
Quero gente nas estradas indo e vindo, vivos.
Quero chuva para nascer o alimento.
Não quero ver gente sem casa, fora de casa depois de o céu derramar água.
Quero andar nas ruas, quero todos com direito de andar nas ruas.
Armas, eu não quero.
Quero gente desarmando gente com um bom dia.
Quero respeito no ônibus.
Ah! Eu quero...
Quero para todos nós, sem distinção, a música, a pintura, o teatro, o cinema, os livros.
Desejo gente que pensa diferente, que quer diferente.
Porque ser diferente é entender que os direitos são iguais.
Quero simplesmente isto para este ano de 2019.
É pedir demais?

Joyce Pianchão