Eu li mais um romance de Clarice Lispector: Um
sopro de vida e me encontrei nele:
(...) Saber desistir. Abandonar ou não
abandonar – esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar
não é ensinada a ninguém (...).
Não me ensinaram, mas aprendi que devemos sim
reavaliar as nossas escolhas e saber quando avançar ou recuar. Recuo hoje e
planejo um novo caminho.
(...)
É tão ótimo e reconfortante um encontro para as quatro da tarde. Quatro horas
são do dia as melhores horas. As quatro dão equilíbrio e uma serena
estabilidade, um tranquilo gosto de viver (...).
Acredite se quiser! Sempre fui uma apaixonada
pelas quatro horas da tarde, mesmo quando o encontro é comigo mesmo.
(...) Deve
haver um modo de não se morrer, só que eu ainda não descobri. Pelo menos não
morrer em vida: só morrer depois da morte (...).
O jeito que eu encontrei de me manter viva e
feliz é reprogramar os meus dias sempre que for necessário mudar para sentir-me
parte do hoje.
E então...
Hoje, à tarde, eu fui a uma livraria e comprei
mais um livro de Clarice: A hora da estrela.
Logo mais, termino o dia, tomando um chá e
lendo... Assim eu rego a vida.
Joyce Pianchão
Julho/2017