Aqui estou!
Vejo o dia através da minha cortina que abro lentamente e deixo o sol
entrar. Vejo outras janelas, algumas abertas, outras ainda dormem. Levanto os
olhos para o céu e grata sou por mais esse dia. Mas não estou só... Acordei com
enxaqueca. É a minha dor crônica. Cada um tem a sua. Ela de certa forma é uma
companheira que me avisa que algo me atingiu e que preciso de um momento meu,
só meu.
Sou sensível à mudança de tempo, a cheiros fortes, ambientes “carregados”,
olhares “atravessados”, comentários ofensivos, gente falsa... Sou assim, como
muita gente que como eu, ainda sente na pele, que tem olhos que falam e veem mais
do que deveriam ver, enfim gente de verdade. Todos nós somos, precisamos só ser
lembrados disso.
Mas, aqui estou! Saudando a oportunidade que me amanhece pra vida. Pra
tentar de novo.
E eu tento não assimilar o barulho que não é meu, aciono o meu
autocontrole, eu me esforço para me adaptar ao inevitável, gostar e aceitar o
que a maioria aceita, eu tento!
Procuro ser cordial ao falar, ao gesticular, ao escrever, ao olhar.
O excesso de esforço, de controle, de vontade de ser agradável me faz
mal. São muitas as exigências...
Preciso me fazer feliz, me encontrar por aí, bater um papo franco, olho
no olho. Dar-me um abraço forte, um tapinha nas costas de consolo, dizer para
mim mesma que compreendo o que me aflige. Quero me dar um aperto de mão de
trato feito com a vida.
Procuro todos os dias me fazer bem, pois é nessa procura que eu tento ser
feliz de verdade.
Pronto, falei! Escancaro a cortina. A enxaqueca se foi. O dia se firma e
eu aqui estou!
Joyce Pianchão
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