O papel aguarda as palavras.
A caneta pronta está.
A cabeça se planeja.
Os olhos enxergam lembranças.
Os ouvidos escutam pensamentos desordenados.
Não há cheiro no silêncio meu.
Escutei Elis cantando “Ainda somos os mesmos e
vivemos como os nossos pais!” e desperta em mim insatisfação, o que acho bom,
muito bom!
Estou lendo “O apanhador no campo de centeio” e
diante desta leitura eu penso, reflito e concluo que sou uma adolescente de 63
anos. Não tive liberdade de ser jovem rebelde, não como queria. Seria então
viver tardio? Tarde para quem?
Eu me sinto inquieta, inconformada,
questionadora. Vejo mais do que queria, entendo mais do que deveria.
Querem o meu sorriso, a minha alegria, a minha
vontade de viver.
Eu também quero. Na verdade eu queria ser como
os outros da minha idade. Não sei se queria ou deveria.
Gosto dos rebeldes que não se calam, que às
vezes estão zangados com tudo, mas nunca desanimados.
Eu sei que preciso manter o equilíbrio, manter
as pessoas por perto. Eu sei...
Eu sei também que o papel não está mais vazio,
deitei nele o que vai em mim.
Vou continuar a escutar música, ler meu livro,
procurar gente.
Quem sabe eu me encontro por aí feliz da vida?
Joyce Pianchão
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