Sempre fiquei longe do jiló: “De amargo já
chega a vida”.
Escutava e obedecia, ficamos longe por muito
tempo.
Jiló só meu pai comia. Ele já conhecia outros
amargos.
Fui crescendo e experimentando outros amargos
também, não tive como evitar, alguns inocentemente eu os provoquei.
Hoje vejo jiló verdinho no sacolão e me dá água
na boca.
Eu me sinto na liberdade de escolher pelo verde
do jiló, pelo seu sabor amargo na boca temperado com esmero de quem gosta de
preparar a comida que come.
Continuo, porém sem poder de escolha sobre os
dissabores da vida que chegam sem aviso, se instalam como visita indesejada e
me amargam por completo. O corpo dói.
Passa, tudo passa.
Procuro
por sabores, acompanhados de aromas que me recordam alegria, como das rosas
brancas que hoje comprei para enfeitar o meu olhar e escutar o meu pedido. Comprei
também jiló para o almoço.
Estou assim, enfrentando a visita imposta pela
vida e colhendo os sabores e aromas do dia.
Vivo o dia e me basta por hoje.
Joyce Pianchão
Nenhum comentário:
Postar um comentário