segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O AMARGO DO JILÓ




Sempre fiquei longe do jiló: “De amargo já chega a vida”.
Escutava e obedecia, ficamos longe por muito tempo.
Jiló só meu pai comia. Ele já conhecia outros amargos.
Fui crescendo e experimentando outros amargos também, não tive como evitar, alguns inocentemente eu os provoquei.
Hoje vejo jiló verdinho no sacolão e me dá água na boca.
Eu me sinto na liberdade de escolher pelo verde do jiló, pelo seu sabor amargo na boca temperado com esmero de quem gosta de preparar a comida que come.
Continuo, porém sem poder de escolha sobre os dissabores da vida que chegam sem aviso, se instalam como visita indesejada e me amargam por completo. O corpo dói.
Passa, tudo passa.
 Procuro por sabores, acompanhados de aromas que me recordam alegria, como das rosas brancas que hoje comprei para enfeitar o meu olhar e escutar o meu pedido. Comprei também jiló para o almoço.
Estou assim, enfrentando a visita imposta pela vida e colhendo os sabores e aromas do dia.
Vivo o dia e me basta por hoje.

Joyce Pianchão

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