Vestindo
azul
Acordei cedo.
Levantei-me uma hora após o meu horário de costume,
afinal a noite se estendeu com o barulho dos fogos de artifício.
Não teve
jeito, o corpo arrepiou com a chegada do novo ano e então agradeci, só agradeci,
porque sei que o que quero depende de mim, de outras pessoas, do tempo. Se não
aconteceu porque ainda não é o momento. Acredito que tudo tem o seu exato
minuto, assim como a morte, assim como as coisas boas. Assim é melhor pensar, serve de consolo para
aquilo que foge ao nosso controle.
Dizem que pra vida tudo tem jeito, só não tem
pra morte.
Então, amanheci assim com um pouco de
saudosismo do que não vivi, do que eu esperava que fosse e não foi. Saudade do
que não foi, pode isto? Pode! São aqueles sonhos não acontecidos. Coisas pequenas,
simples, mas que por motivos conhecidos ou não, não se realizaram, ainda são
sonhos.
Olhei o céu e acreditei que era um valoroso
presente ter para os olhos um azul tão intenso, tão limpo, tão vida.
E então, eu me vesti deste azul.
Fiz deste
cenário o meu dia, pensei azul, agi azul.
Hoje é domingo, primeiro dia do ano e eu
vestida de azul confraternizei comigo mesma mais este amanhecer.
Joyce Pianchão
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