sábado, 14 de janeiro de 2017

NOVO JANEIRO



E O ANO COMEÇOU...

E eu li mais um livro de Clarice.
Estou vivendo o mês de janeiro, vivendo o verão, o calor intenso, as pancadas de chuva, as notícias do meu país, do meu estado, da minha cidade.
Não é bem assim...
 Tenho me esquivado das notícias da televisão, do rádio, das redes sociais.
 Desânimo?
Não é bem assim...
 Para que eu sobreviva é preciso tirar férias do real.
 O que é o real?
A dureza do mundo que me quer fazer acreditar que não tem mais leveza. Falta-me o ar, a direção.
Então eu me silencio.
 Eu me silencio até criar um atalho de vida.
 E escuto Mozart, leio Clarice Lispector, faço pipoca, tomo suco de uva integral, faço exercícios para o corpo, para os olhos, para a mente. Inspiro e expiro lentamente.
Faço caminhadas matinais, dou bom dia à vida.
Olho sem pressa o céu, as árvores, as casas, o longe.
 Não quero encarar as pessoas, não quero ver o perto. Agora não...
Como frutas, legumes e verduras. Tomo água. No jantar a salada é o prato principal.
Vejo novela na televisão, assisto filme no Cine Belas Artes, compro ingresso para o teatro.
Onde me sinto bem?
Na livraria, conversando com os livros, escutando os CDs.
No café, o ouvido amigo, a conversa sem pressa.
No shopping, a frivolidade me ampara, deixando a vida passar, preguiçosamente passar.
No meu lar, na cozinha onde preparo meu alimento escutando música; no meu quarto onde exercito o corpo e a mente, onde leio e escrevo, onde eu sou eu.
No meu canto, onde sempre há uma recordação à espreita.

E assim eu começo o ano, me salvando no novo janeiro.

Joyce Pianchão

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